P-47 THUNDERBOLT VOLTA A SER ACIONADO EM DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA


CERIMONIA DE GIRO DO P-47D THUNDERBOLT B4 – O AVIÃO DO DORNELLES

22 de abril de 1945, o mais longo dos dias! O 1º Grupo de Aviação de Caça, Senta a Pua, executa o maior numero missões de ataque, totalizando 44 missões com êxito de mais de 100 alvos inimigos destruídos.

Foto tirada no dia da vitória - Fim da Segunda Guerra Mundial

74 anos depois, os Jambock’s daquela época, são lembrados e tomados como exemplo e inspiração pelos de hoje.
O espírito companheiro e patriotismo que cada homem e cada mulher brasileiros levou para a Europa, para lutar em defesa da humanidade ameaçada, se faz presente hoje, em cada brasileiro que sente desses mesmos brasileiros, um grande orgulho e honra de conhecer sua história.
O avião aqui representado pelo “B4”, da Esquadrilha Amarela, liderada pelo Cap. Joel Miranda, hoje homenageia um dos mais icônicos pilotos daquela época, como nas palavras do também saudoso Brig. Ruim Moreira Lima.
“O jovem que em 1939 ingressou na Escola Militar do Realengo e anos depois, já nos Afonsos, foi declarado Aspirante e “Bom aviador”, se voluntariou ao Grupo de Caça e já em treinamento no Panamá, se destacou positivamente no tiro terrestre e ficou entre os melhores do tiro aéreo.
Baixinho, forte e bem apessoado, mas grosso no tratamento, era de bom coração e voava como um verdadeiro Ás!
Suas surtidas davam a impressão de que queria conferir o resultado na hora. Quando o alvo era um deposito de munições, Dornelles entrava na explosão, trazendo as marcas dos estilhaços no corpo de seu P-47.

1º Ten. Aviador Luiz Lopes Dornelles - B4 Esquadrilha Amarela

Sua audácia ia além do normal, relegando o instinto de conservação no calor do combate. Como alguns pilotos do grupo, só avisava que fôra atingido quando seu avião estava em situação de perigo e medo era uma palavra que não constava no seu dicionário.
“O Baixinho Dornelles tinha ânimo sereno e equilibrado, competente e hábil, acreditando na causa que defendia e, ao mesmo tempo, mortificado por ter que fazer aquilo, daquela forma.”
Em certa ocasião, seu companheiro de Grupo, o Raymundo CANÁRIO, após um ataque bem sucedido, colidiu seu P-47 em uma chaminé de fábrica, perdendo 1 metro e 20 cm de asa. Canário com pulso firme, soube controlar seu avião, enquanto Dornelles, o acompanhava de perto, lhe dando coordenadas e o auxiliando até que ele chegasse em segurança à base operacional do esquadrão.
O Jovem piloto de combate, foi abatido no dia 26 de abril de 1945, apenas 4 dias depois do grande dia para o grupo de caça, com 89 missões de guerra e há poucos dias do final da guerra.
A justa homenagem no avião aqui apresentado, vem por conversa via carta, entre o Brigadeiro Nero Moura ao Coronel Claret Jordão, diretor do MUSAL  no primeiro projeto de restauração, em 1990.

Carta do Brigadeiro Nero Moura ao Coronel Jordão - Extraída do livro
P47 B4 - O Avião do Dornelles - do Brigadeiro J.E. Magalhães Motta

Hoje, 22 de abril de 2019, 74 anos depois do “Dia decisivo” para o grupo de brasileiros, é a primeira vez, em mais de 20 anos, que o Motor PW de 18 cilindros do P-47D Thunderbolt será ouvido novamente, no DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA!
Mas tudo isso foi possível a partir do Projeto Quatro Setinho de Restauração
A partir da iniciativa de Gilson Campos e Fernando Crescenti, com o apoio de outras pessoas ligadas à aviação, Brigadeiro Luiz Carlos Lebeis, atual diretor do Museu Aeroespacial e da empresa Helisul Taxi Aéreo, foi possível, através de um financiamento coletivo, conseguiram arrecadar o valor base para o projeto e a partir daí, o P-47D Matrícula 45-49151 que serviu à FAB de 1953 até 1967, sendo, a pedido do eterno Comandante Nero Moura, posto em homenagem à Dornelles como visto na carta acima, teve seu grupo moto propulsor (motor e helice) devidamente restaurados e sua pintura completamente refeita, para no dia da aviação de caça, trovar novamente.

Durante todo o processo de restauração, tanto os mecânicos cedidos pela Helisul, Beto Pecos, Sergio Parada e Serjão Nascimento, além de Raphael Puttini que apoiou na manutenção e como documentarista, toda a equipe de pintura, também da Helisul, a equipe do MUSAL que deu suporte e operou em conjunto.

 O INÍCIO E A DESMONTAGEM 
 

 

 PRIMEIRO GIRO DE MANUTENÇÃO - 27/02/2019 17:30 
 

 PROCESSO DE PINTURA - REPAROS COM MASSA E LIXA 
 

 PROCESSO DE PINTURA - ISOLAMENTO E PRIMER 
 

 PROCESSO DE PINTURA - PINTURA E MARCAÇÕES 
 

Fotos da Pintura - Gilson Campos / Equipe de Pintura
ÚLTIMOS AJUSTES ANTES DO GRANDE DIA
 

A cerimonia do Giro Oficial do P-47 Bravo Quatro foi presidida pelo Brigadeiro Lebeis e contou co a presença do Comandante da Aeronautica Ten. Brig.Ar Antonio Carlos Moretti BERMUDEZm que discursou sobre o dia comemorado e a importante atuação dos militares brasileiros, tanto da CAÇA, ELO ou FEB, durante a Segunda Guerra Mundial, a importância do projeto de restauração e a emoção de ver a aeronave em giro. Entre as diversas autoridades presentes, também estavam funcionários do museu, convidados, doadores e coordenadores do projeto e as senhoras Maria do Carmo MEIRA, esposa do veterano José Rebelo MEIRA e Zulmira CANÁRIO Pope, filha do veterano Raymundo da Costa CANÁRIO, que também se emocionaram durante as palavras e a cerimonia.

Ao final das palavras, o atual comandante do 1º Grupo de Caça, Tenente Coronel FURLAN, vestido de macacão, casaco e gorro de voo, perfilou-se em posição de sentido, solicitando ao Comandante da Aeronáutica, permissão para o acionamento, o que foi prontamente atendido. As portas dos hangares se abriram e para a surpresa de todos, o imponente "Trator Voador" esperava, parado e bem iluminado, pelo seu grande momento.
Todos correram para fora e o que é visto no video a seguir, conta melhor do que em palavras a emoção que foi!
Matéria da Força Aérea Brasileira

FOTOS DA CERIMONIA - 22 DE ABRIL 





Foto do Giro Oficial

De outro ângulo, com a fumaça do escapamento dispersando

Após a cerimonia, todos foram ao avião fotografá-lo ou tirar fotos nele e foi notória a emoção de todos ao se aproximarem no grande P-47, suas 8 metralhadoras, seu tamanho e a potencia de seu motor e é claro que, ao ler ao lado do cockpit o nome de Dornelles, a emoção foi ainda maior.
Não poderia existir homenagem maior do que manter viva, através do Bravo Quatro, a memória não só de Luiz Lopes Dornelles, 1º Ten. Av. como também a de todos os Jambocks que lutaram na Itália e todos os brasileiros que para lá foram, venceram, vivos ou mortos, mas cumpriram sua missão!

Video produzido por Raphael Puttini para o Giro Oficial

A todos estes, nossa homenagem e nosso orgulho de nascer num país quem tem esses homens e mulheres como heróis da pátria. Muitas vezes não reconhecidos, mas para os que reconhecem... Para estes sim, existe o orgulho e o grande valor!


Ao Dornelles, nossa homegagem!

A vocês... BRASIL!


Texto: Bruno Cilento
Fotos: Mauro Cilento
           Bruno Cilento
Pesquisa: Bruno Cilento
Revisão: Mauro Cilento


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