SAUDADE OU DESPEDIDA - UM VOO ALÉM DO TEMPO

Com o passar dos anos, vamos ficando cada vez mais "acostumados" aos eventos aeronáuticos e conhecendo o perfil de voo de cada piloto.

E foi exatamente assim que aconteceu em um dos eventos do MUSAL, em 2019.

Estávamos fazendo a cobertura do evento e já deveria ser pós almoço. Muita coisa já havia acontecido e o belo T-6 amarelão da Helisul Aviação já tinha feito pelo menos umas duas apresentações.

Nesse momento, vimos o mesmo T-6, cujo piloto já havia nos acostumado às suas manobras acrobáticas, numa decolagem diferente das demais vistas naquele dia.

Em baixa altura, saiu do eixo da pista, num rasante espetacular e após recuperar o eixo, fez mais algumas passagens baixas, manobras mais arrojadas e em alta velocidade.

Pensei e cheguei a comentar com quem estava próximo: “Ele tá inspirado... Nem parece o mesmo piloto”. E realmente não era!

O piloto daquele avião costuma fazer voos incríveis, mas aquele voo, o daquele momento, era um voo diferente... parecia matar saudades da energia dos Afonsos e da história que paira naquele ar.

Fiz os clicks da demonstração e ao pouso, tivemos certeza de que realmente não era o mesmo piloto.

Ao adentrar a taxiway, aplaudimos como de costume e ao agradecer os aplausos, descobri o porquê daquele voo tão diferente.

No cockpit do NA-T6 de prefixo PR-TEB estava o grande Carlos Edo e isso acabou por justificar a minha surpresa naquele voo.

Quando se é apaixonado por T-6 como eu, como meu pai e como os da aviação raiz, conseguem identificar com facilidade uma manobra diferente ou outra, mas a apresentação inteira me fez perceber que aquele era um voo especial.

Ao dizer nas linhas acima, que o piloto daquele avião parecia estar matando saudade daquela energia, não exagerei e até iria um pouco além... estaria se despedindo, pois meses depois, o brilhante comandante Carlos Edo, o mesmo da Esquadrilha Extreme, partiria para o outro plano, deixando na gente, apaixonados por aviação, mais um amargor da perda de um grande ícone da aviação Brasileira e mundial.

Então, diante de tudo isso, resta deixar aqui a nossa homenagem ao “Grande Cachorron” Carlos Edo e agradecê-lo pelos voos ao longo do tempo, por ajudar a preservar a história da aviação brasileira e também a conta-la e contemplá-la através de suas asas.